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Pará segue líder nacional na produção de cacau

Estado tem aproximadamente 30 mil produtores e 200 mil hectares de cacaueiros

Crédito da foto: Dona Nena.

Mais da metade do cacau brasileiro é produzido em solo paraense. Em 2020, de acordo com pesquisas feitas pelo governo do Estado, a produção do fruto no Pará foi de 144.663 toneladas, o equivalente a 52% da produção nacional. No ano anterior, em 2019, foram produzidas 130 mil toneladas.


O cultivo do cacau do Pará é acompanhado pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) e pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), responsáveis pela qualidade da produção agrícola. Cerca de 30 mil produtores atuam com a cacauicultura no Estado, em 29 municípios.


Fernando Teixeira, superintendente regional da CEPLAC, afirma que em 2021 a liderança do Pará vai continuar, segundo dados que estão sendo levantados pela comissão. “Nós devemos produzir, este ano, um pouco mais de 145 mil toneladas de cacau, nos mais de 150 mil hectares que estão produzindo, do total de 200 mil hectares plantados aqui. Além disso, vamos plantar algo em torno de 10 mil hectares de cacaueiros, o que quer dizer que no final do ano teremos aproximadamente 210 mil hectares de árvores”, explicou.


Para Fernando, o sucesso do Pará na cacauicultura é possível graças a alguns motivos: o próprio desempenho dos cacaueiros, que estão constantemente contribuindo para esse desenvolvimento; o solo de alta fertilidade da Amazônia; a forma de cultivo agroflorestal, considerada amigável para o meio ambiente, pois ele continua conservado; e a mistura de híbridos na plantação, que se adaptam muito melhor às nossas condições e têm mais diversidade, diferente da forma de plantio feita na Bahia, vice-líder na produção de cacau, que é por clonagem. Esses aspectos, na visão dele, fazem com que o Pará seja observado nacional e mundialmente como um lugar onde a expansão da cacauicultura se dá com sustentabilidade e alta produtividade.


“O Pará tem um material genético de plantio que resulta da mistura de híbridos muito bons e tem na sua diversidade todas as possibilidades de se tirar daí o melhor chocolate, que ainda não foi produzido. É muito possível que se obtenha dele um material que está escondido, que pode se tornar o chocolate ideal. É claro que essa disponibilidade está nas nossas mãos e o gerenciamento dessa atividade é que vai fazer com que isso seja uma oportunidade realmente utilizada pelos produtores de cacau aqui no Estado”, informou Fernando.


A produtora de cacau orgânico Dona Nena, criadora da loja Filha do Combu, localizada na Ilha do Combu, em Belém, começou a ter contato com o fruto na adolescência, porque os pais também eram produtores de cacau. “Meus pais tiravam o cacau e vendiam as amêndoas para os atravessadores do rio. A partir do ano de 2004, eu comecei a trabalhar numa feira de produtos orgânicos e lá surgiu a ideia de colocar no mercado o chocolate que era da família. Foi quando eu comecei a produzir para o mercado e a verticalizar o cacau.

Hoje, pra mim, o cacau representa sustentabilidade, não só a minha, mas também da minha família e de todas as pessoas da comunidade que colaboram com esse trabalho”, relatou.

Crédito da foto: Dona Nena.

Dona Nena e sua equipe fazem todo o trabalho que transforma o cacau nos mais diversos tipos de chocolate. A semente do fruto precisa ser fermentada, seca, torrada e prensada para virar manteiga ou massa de cacau, que viram chocolate. “Fazemos a barra rústica e nibs de cacau (grãos de cacau triturados), ou ralamos e transformamos em cacau em pó. Nós também já refinamos ele e temos uma linha de chocolate chamada Aroma do Combu, com chocolates 70%, 85% e 100%. Também faço brigadeiro de pote, brigadeirinho, e com o cacau refinado a gente faz os nossos bombons recheados com frutas regionais. Também trabalhamos com licores de cacau”, contou Dona Nena.


Na opinião dela, é um orgulho muito grande que o Pará esteja na liderança da produção de cacau no Brasil, porém ainda falta um pouco mais de conhecimento e valorização dos paraenses em relação a essa cultura. “Acredito que o paraense precisa conhecer mais o cacau, saber como ele é feito, desde a muda até o chocolate. A partir daí ele começa a valorizar isso. É preciso fazer um trabalho de conscientização para que o cacau paraense seja mais valorizado pela sua qualidade e diversidade. Essa cultura deve ser preservada”, avaliou a produtora.



Por Ana Luiza Imbelloni.


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