A vida social do tucumã-tucum
O tucumã (Astrocaryumvulgare), ou tucum, como é conhecido pelos caboclos e caboclas que povoam a Amazônia Atlântica paraense, é o fruto da palmeira chamada por aqui de tucunzeira, a qual pode alcançar até dez metros de altura, cujos caules e folhas são tomados por espinhos e produz cachos com numerosos tucuns de formato ovoide.
Segundo dona Ana Rizete, que é nativa da comunidade de Araí, em Augusto Corrêa, nordeste paraense, mas que vive em Ananindeua, região metropolitana de Belém há mais de trinta anos, existem dois tipos de tucum: o vermelho e o cará.Este último, diferente do primeiro, é de cor amarela e de sabor inconfundível, segundo dona Ana, é mais doce que o vermelho e também mais apreciado e mais raro.
De um modo ou de outro, não se pode negar que o tucum ocupa lugar fulcral no viver e no comer dessas bandas do Norte brasileiro, particularmente das comunidades rurais que compõem essas territorialidades amazônicas.

O termo tucum “[...] deriva do idioma tupi e significa "agulha para costura". A espécie recebe esse nome porque os indígenas brasileiros utilizavam seus espinhos para costurar. (PINHEIRO, 2021).
O tucumã se destaca entre as frutas amazônicas pelo sabor inconfundível, pela tonalidade que por ser tão amarelada chega a se aproximar da cor vermelha, embelezando não apenas as paisagens das florestas da Amazônia Atlântica e as estradas que dão aceso às comunidades, como também as feiras e as mesas amazônicas. Aliás, além de ser uma belezura, o tucumã é uma delícia e por isso mesmo dá corpo a um vasto repertório alimentar, conforme apontado pelo portalamazonia.com:
[...] com polpa grudenta e fibrosa muito popular na região Norte do país. Podendo ser encontrada de várias formas na culinária, como em saladas, em tapiocas, no famoso sanduíche típico de Manaus, o x-caboquinho ou in natura, o tucumã também é possível fazer sucos, geleias, doces e vitaminas.” (https://portalamazonia.com, 2021).
Torna-se importante frisar que, dentre as comidas que derivam do tucumã, parece que, para os manauaras, o x-caboquinho (conforme mostrado na imagem abaixo), constitui-se naquela que mais agrada. Em Manaus, a presença e importância dessa iguaria é tamanha que, em 2019, a Câmara de vereadores aprovou o Projeto que outorgou ao sanduíche amazônico o título de Patrimônio Cultural e Imaterial daquela cidade.

Conforme matéria publicada no portalamazonia.com, a feitura do x-caboquinho requer os seguintes ingredientes:
Lascas de tucumã
Queijo coalho
Banana pacovã madura
Manteiga.
E o modo de fazê-lo se dá da seguinte forma:
Frite as fatias de banana pacovã numa frigideira.