Chef Vitor: da curiosidade de infância à consagração como embaixador da cozinha nordestina
- Gastronomia Paraense

- 4 de ago.
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A paixão de Vitor pela gastronomia nasceu de maneira espontânea, ainda na infância, quando observava atentamente as mulheres da sua família reunidas em volta da mesa, preparando quitutes para momentos especiais. Essa curiosidade, que parecia apenas um traço de criança, logo se transformou em um chamado. Na fase adulta, chegou a considerar a área da saúde, mas foi na gastronomia que realmente se encontrou — e nunca mais saiu de perto do fogo.
Hoje, Chef Vitor é referência não só na região do Cariri, mas também em eventos gastronômicos em Fortaleza e outros centros. Com domínio da cozinha clássica e um amor declarado pelo churrasco, ele construiu uma trajetória sólida baseada em técnica, respeito à cultura regional e uma busca constante por inovação.

Gastronomia nordestina na veia
Vitor carrega uma ligação profunda com os sabores do Nordeste. “Sou apaixonado pela gastronomia nordestina e pelos clássicos franceses. No dia a dia, aplico técnicas como selar uma carne corretamente, fazer um bom fundo de panela e controlar com precisão os pontos de cocção”, conta.
Essa combinação entre tradição e refinamento é um dos seus diferenciais. O uso de técnicas de mise en place — organização minuciosa de todos os elementos de um prato antes do preparo — é algo que ele leva muito a sério. “Organização é tudo na cozinha. E quando posso, aplico defumação e braseado nos meus pratos, principalmente em eventos. Isso traz uma identidade única e um sabor inconfundível”, ressalta.

O segredo está na brasa (e na paciência)
Especialista em churrasco, Chef Vitor defende que uma boa brasa e uma boa carne são os pilares para o sucesso. Mas não é só isso. “Respeitar o processo é fundamental. O maior erro no churrasco é acender uma brasa fria ou não cumprir o passo a passo. É preciso técnica, tempo de descanso para a proteína, controle do fogo e, claro, paciência”, alerta.
Cortes menos comuns também fazem parte das suas experimentações. “Gosto de sair do óbvio, explorar sabores e texturas diferentes. Isso amplia o repertório e surpreende o paladar.”

Ceará e Cariri: riqueza que inspira
Ao falar sobre ingredientes, o chef se derrete pelo que o Ceará tem a oferecer: “Temos uma diversidade impressionante. Coentro, pimenta-de-cheiro, umbu, feijão verde, carne de sol, queijo coalho… É uma verdadeira paleta de sabores.” Segundo ele, a gastronomia caririense não é só rica em ingredientes, mas em identidade. “O Cariri influencia com sua cultura irreverente, seu povo acolhedor e suas belezas naturais.”
Dois restaurantes marcam sua memória afetiva e profissional: o Villa Carmela, do saudoso Beethoven Picuí, e o Coisas do Sertão, que segundo ele, expressam bem a alma da culinária regional.

Tradição, inovação e afeto
Chef Vitor vê com bons olhos a cozinha contemporânea, especialmente quando ela revisita clássicos com ingredientes regionais. E apesar de ser requisitado em grandes eventos, faz questão de prestigiar os pequenos. “Prefiro os restaurantes simples de bairro, onde a comida tem aquele sabor de casa, de mãe, de memória afetiva.”
Suas experiências mais marcantes aconteceram justamente em festivais e encontros que exaltam a cultura local. “É gratificante cozinhar ao lado de chefs e cozinheiros da região, ver como ingredientes simples ganham destaque. Quando vejo um baião bem feito ou uma panelada com apresentação moderna, me emociono. A cozinha tem o poder de contar histórias e conectar pessoas.”

O que vem por aí
O chef segue com agenda cheia, com participações em novos eventos e projetos que prometem levar a cultura gastronômica do Cariri para além das fronteiras do Ceará. “Meu compromisso é levar essa riqueza onde eu for. O Cariri merece ser conhecido pelo mundo.”
Conselho para quem está começando
Vitor finaliza com um recado direto aos que sonham em viver da cozinha: “Tenha humildade. Cozinha é repetição, é entrega, não é só glamour. Estude, aceite críticas, observe os mais experientes e nunca pare de experimentar. Quando você cozinha com verdade, o resultado toca o outro. O reconhecimento vem naturalmente.”
Chef Vitor é prova de que quando se coloca o coração no prato, a comida vira memória, identidade e arte.











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