Claudino Pessoa – O Guardião do Fogo de Chão que Transforma Carne em Arte
- Gastronomia Paraense

- 1 de ago.
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Há homens que cozinham. Outros assam. E há Claudino Pessoa – um dos grandes nomes da arte do fogo de chão no Brasil, cuja alma parece pulsar no mesmo ritmo da brasa ardente. Natural de Tocantins, ele não apenas assa carnes: ele revive tradições, conecta pessoas e inspira plateias com o som do estalar da lenha e o perfume defumado que anuncia uma refeição inesquecível.
Foi em 2018, no primeiro Festival de Carnes Tropeiros em Araguaína (TO), que Claudino Pessoa deu seus primeiros passos no universo dos grandes festivais. Ele havia sido convidado como espectador, com direito a cortesia. Mas recusou-se a ficar do lado de fora da história: mandou fazer um avental, afiou suas facas e entrou como auxiliar de estação da renomada Kallie, do BBQ Brasil. A estação dele? Uma das mais emblemáticas: picanha, fraldinha e ancho na parrilla. A partir dali, o fogo virou seu destino.

“Desde então, essa paixão só cresceu. A essência de fazer fogo numa parrilla diante de um público vibrando é algo que me emociona até hoje”, conta.
Para Claudino Pessoa, o churrasco é mais do que técnica. É ritual. É entrega. É conexão. “Costumo dizer que ser assador é algo inexplicável. Não há limites. É o fogo que te molda, te testa, te desafia.”
E quando o assunto é carne, sua reverência é clara: “Não há como não dizer… costela. Ela é surreal. O sabor, a textura, a potência. Ela une famílias. Ela marca momentos.”

Claudino Pessoa tem um brilho nos olhos ao falar de sua estação favorita: o boi inteiro. “Ali é olho no olho, do início ao fim. É o controle absoluto da temperatura até chegar no ponto ideal. É onde a alma do assador é colocada à prova.”
Para ele, o segredo está em três pilares: uma boa carne de qualidade, a temperatura ideal e o respeito ao processo. “Gosto da carne fresca, maturada, com cobertura de gordura nível 3. Isso faz diferença.” E quando chega a hora de servir? “Não tem erro: mandioca, vinagrete e chimichurri. É clássico. É raiz.”

Mais do que assar, Claudino Pessoa também ensina. Já ministrou aulas e faz questão de compartilhar o que aprendeu. “Sempre que passo por um lugar, deixo um ensinamento, do começo ao fim do assado. Esse conhecimento precisa circular.”
Mas nem tudo são brasas tranquilas. Em janeiro de 2021, durante uma confraternização na Fazenda Terra Grande, em Bernardo Sayão (TO), enfrentou uma tempestade de três horas enquanto tentava manter o fogo vivo. “A água vinha de todos os lados. Só não molhava por cima. Joguei lenha sem parar. A água passava por baixo, o fogo por cima… e ele resistiu. Aquele dia entrou pra história.”

Hoje, Claudino Pessoa percorre festivais pelo país levando o verdadeiro churrasco raiz. “O público se agracia ao ver bois no rolete, bois espalmados, varais cheios de proteínas. É um espetáculo.”

Ele acredita que a famosa picanha tem o poder de unir gerações. “Ao tocar nela, a parrilla já espera a técnica. É como se o fogo entendesse: ali vem alguém que domina.”
Claudino Pessoa não fala apenas de carne. Fala de alma. De propósito. De forçar os próprios limites em nome de uma paixão. E quando perguntado sobre o que deseja deixar como legado, ele responde com simplicidade e intensidade: “Levar a verdadeira essência do churrasco raiz. Por onde for.”












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