O fogo que transforma: a história de Carlos Eduardo, o assador de Ribeirão Preto
- Gastronomia Paraense

- 26 de ago.
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Atualizado: 27 de ago.

De segunda a sexta, Carlos Eduardo polidor de veículos em uma oficina de funilaria em Ribeirão Preto (SP). Mas, quando o fim de semana chega, ele assume o papel de sua outra vocação: a de assador. Entre braseiros, cortes suculentos e a tradição do fogo de chão, Carlos encontrou não apenas um ofício, mas um chamado.
“Deus nos leva ao propósito, mesmo em meio a dores e batalhas. Sempre gostei de cozinhar, mas era algo bagunçado, sem técnica. Até que tive a oportunidade de observar de perto o trabalho de grandes profissionais e percebi que aquela chama já ardia em mim”, relembra.
A caminhada começou como garçom em buffets e eventos, onde observava cada detalhe do preparo. O aprendizado ganhou força quando conheceu mestres como Pedro Henrique, Francisco “Tim” e, sobretudo, o chef Marcelo Freitas, a quem chama de “pai na arte do churrasco”. “Ele me preparou para todos os aspectos dessa profissão. Confiou em mim, me ensinou e me fez acreditar que eu poderia me elevar nessa arte. Até hoje me emociono ao falar dele.”

Emoção à flor da pele
Carlos lembra de um episódio marcante: “A primeira vez que servi uma meia novilha, comecei a cortar a carne e, sem entender, as lágrimas escorriam. Ali percebi que o churrasco já estava dentro de mim, e que Deus me abençoava para desenvolver esse dom.”
O amor como principal tempero
Questionado sobre o que diferencia um bom assador de um excelente, ele não titubeia: “É o nível do amor que você coloca no que faz. Técnica e conhecimento são essenciais, mas sem amor, tudo fica frio. O coração precisa queimar junto com a brasa.”
Entre seus cortes favoritos, o ancho ocupa lugar especial. “No ponto certo, suculento, saboroso, macio… é um espetáculo. Mas em casa, nada supera a simplicidade da bisteca bovina.”

Entre a parrilla, o defumado e o fogo de chão
Carlos não se prende a um único estilo. “Gosto de misturar técnicas. Cada evento é um aprendizado. O importante é respeitar o corte, escolher carnes de boa procedência, cuidar da temperatura, preservar a suculência. A brasa assa, o fogo queima — é preciso saber a diferença.”
Amizades que o churrasco trouxe
Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi participar do Barbecue, onde conheceu assadores que viraram amigos. “O que mais me surpreendeu foi a amizade. A recepção foi incrível, de coração aberto. Gente como Érica Carvalho, Sidão, Rodrigo Andrade, Rodrigo Casale, Jeferson, Roberto Matias, Luciano Suzano, Suca Vieira, Helvécio Maciel, Matheus Gonçalves, Iza Fioreli, Michel Terruá, Fernando Canaves, Italim e outros… todos me acolheram. Essa união é uma das maiores riquezas dessa arte.”
Carlos também enfatiza as pessoas de extrema importância em sua trajetória. “Jéssica minha esposa, mulher valorosa, que é a minha estaca de sustentação, minha filha mais velha Ana Júlia e a mais nova Lara”, destaca.

Churrasco: técnica, emoção e cultura
Para Carlos, o churrasco vai além da técnica: “É cultural e emocional. Mistura de sabores, histórias e sentimentos. Cada corte preparado é também uma forma de expressar cuidado e partilha.”
Fé como fundamento
Quando perguntado sobre o que diria a quem deseja começar, ele responde citando a Bíblia: “Busque base e estrutura em Deus. No princípio, tudo era sem forma e vazio, mas o Espírito de Deus se movia. Assim também é nossa vida: precisamos dar os primeiros passos, fazer o certo, buscar conhecimento, mas sem deixar de ouvir a voz do Espírito Santo. Ele tem em mãos a realidade da nossa história.”

O futuro
Hoje, conciliando o trabalho durante a semana com a paixão pelo churrasco nos fins de semana, Carlos Eduardo sonha em expandir sua atuação como assador. “A cada evento, aprendo, cresço e vejo que essa chama só aumenta. Sei que Deus ainda tem muito a realizar nessa caminhada.”
No calor da brasa, no corte preciso e na fé que guia seus passos, Carlos Eduardo mostra que o churrasco é mais do que alimento: é entrega, propósito e uma chama que jamais se apaga.











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