Thiago Silva: o sushiman paraense que transformou disciplina, fé e criatividade em uma arte
- Gastronomia Paraense

- 26 de ago.
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Em Belém, onde os aromas do tucupi e do jambu dominam a cena gastronômica, um outro universo culinário também vem conquistando espaço: a cozinha japonesa. Entre peixes frescos, cortes precisos e a estética impecável dos pratos, destaca-se o trabalho de Thiago S. Silva, sushiman chefe que construiu sua trajetória com esforço, disciplina e devoção.
Nesta entrevista exclusiva, Thiago compartilha sua história — da primeira oportunidade no balcão de um restaurante até os desafios de liderar cozinhas e servir milhares de pessoas em eventos grandiosos.

Thiago, como nasceu o seu interesse pela gastronomia e, em especial, pela culinária japonesa?
Tudo começou em 2013, quando saí de um emprego em serviços gerais. Um amigo da família, que sabia do meu gosto pela cozinha, me convidou para fazer um teste no antigo Hikary Sushi, na Serzedelo Corrêa. Comecei como auxiliar de cozinha, ajudando nos cortes e pequenas produções.
Na época, havia uma divisória de vidro de onde eu observava os sushimans em ação. Foi ali que cresceu minha curiosidade. Quando me deram a chance, agarrei com unhas e dentes. Trabalhei meses das 9h às 23h, com apenas duas horas de intervalo. Foi puxado, mas valeu a pena.

Quais foram os maiores desafios até se tornar sushiman chefe em Belém?
Um dos maiores foi quando precisei passar mais de um ano em Joinville, longe da família, ocupando um cargo de liderança. Ser apenas sushiman já é exigente, mas liderar pessoas é um desafio ainda maior. Felizmente, tive bons conselhos e discernimento para seguir firme.
Outro momento marcante foi executar dois grandes eventos em Salinópolis, no The Dreamer, para um público de 2 mil pessoas, com open bar e open food por cinco horas seguidas. Foi uma responsabilidade enorme — e realizada com perfeição.
O que mais te encanta no universo do sushi?
A diversidade. Produtos, cores, formas e sabores. É fascinante poder usar a imaginação para criar pratos únicos, respeitando sempre a individualidade de cada ingrediente.

E qual criação representa melhor sua identidade como sushiman?
Minha marca está na montagem. Cada prato que preparo é único, nunca sai exatamente igual ao anterior. Essa originalidade é o que me define.
Como você vê a expansão da culinária japonesa em Belém e no Pará?
O crescimento é visível e tem muito potencial. Mais do que isso: aprendemos a adaptar a culinária japonesa ao paladar local. Hoje, já é comum encontrar sushi com jambu, tucupi, camarão-rosa, massa de caranguejo, queijo do Marajó. É a fusão do Japão com o Pará.
O que significa para você a frase “Aquele que me protege, nunca dorme”?
É a proteção divina. A certeza de acordar e dormir sabendo que tudo vai dar certo.

Sua fé e sua família influenciam no seu trabalho?
Com certeza. São eles que me motivam a ser melhor todos os dias, não apenas como profissional, mas como ser humano.
Algum mestre ou experiência marcou a sua formação?
Sim. Ao longo dos anos, tive várias pessoas que contribuíram. Mas, nos últimos cinco, o chef Hailton Silveira foi quem mais me influenciou. Com ele, cresci mentalmente, profissionalmente e aprendi diversas técnicas aplicadas ao sushi.
Que conselho daria para quem sonha em ser sushiman?
Primeiro: gostar do que faz. Depois, buscar conhecimento constantemente e estar atento às novidades. É uma profissão que exige paixão e dedicação.
E para encerrar: quais são seus próximos sonhos e projetos?
Sou muito grato a tudo que a gastronomia me deu, mas meus próximos projetos estão fora dela. É um novo ciclo que quero viver.











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