Manteiga Primorosa: 70 anos de sabor, história e tradição goiana
- Gastronomia Paraense
- há 1 dia
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Goiânia (GO) — Em um país onde o mercado de laticínios se transforma a cada década, resistir com qualidade e autenticidade é um feito para poucos. A Manteiga Primorosa, nascida em 1955, é um desses raros exemplos. Com um sabor que atravessa gerações e um compromisso inabalável com a tradição, a marca se tornou referência não apenas em Goiás, mas também em outros estados, como o Pará. À frente da empresa, Humberto Meirelles carrega no DNA a história da família que iniciou essa jornada e mantém vivo o legado construído por seu avô.
A origem da Primorosa remonta à época em que o leite era vendido em garrafas de vidro e a produção acontecia na Cia Goiana de Laticínios, fundada por Ovídio Inácio Carneiro, José João de Mendonça e José de Campos Meirelles, avô de Humberto. Antes disso, na década de 1940, ele já fabricava a manteiga Jandaia em Catalão (GO), enviando-a em longas viagens de caminhão para o norte do país. “Meu avô jamais poderia imaginar que, quase 70 anos depois, pessoas em cidades distantes estariam saboreando uma manteiga de Goiás graças à decisão dele de investir nesse produto”, reflete Humberto.

Ao longo das décadas, a empresa enfrentou crises econômicas severas, mudanças no mercado e, em 1993, foi vendida para a Nestlé. No ano seguinte, a produção passou para o Laticínios Veneza, fundado em 1982 e adquirido pela família Meirelles. Desde então, a Primorosa e sua “irmã” — a Manteiga Nossa Senhora de Nazaré — ganharam nova força, com investimentos em estrutura, modernização de embalagens e atenção ao mercado de diferentes regiões do Brasil.
No entanto, o segredo que sustenta a marca vai muito além da estética. “O sabor é o mesmo que conquistou nossos consumidores no passado. Não abrimos mão do método semi-artesanal, mesmo sendo mais lento, e de ingredientes selecionados, com análise de cada lote no nosso laboratório interno”, afirma Humberto. Ele ressalta que essa atenção garante acidez, textura e teor de gordura ideais — características que tornam o produto diferenciado em meio a mais de dez marcas competindo nas gôndolas.

A manteiga, segundo ele, resiste ao tempo não apenas como ingrediente culinário, mas como símbolo cultural. “É um alimento natural, presente na história da humanidade há milênios, muito antes da industrialização. Ela sobreviveu a modismos e dietas da moda. Hoje, grandes chefs e padeiros só usam manteiga de leite de qualidade. E isso mantém um mercado promissor no Brasil.”
Apesar do foco na tradição, há espaço para inovação. A empresa estuda entrar no segmento de tabletes e blocos para o food service, sem abrir mão do que considera seu maior diferencial: não mexer no sabor original. “Em tempos de compostos e produtos saborizados artificialmente, manter a manteiga pura talvez seja a nossa ousadia”, diz Humberto.

Conduzir um negócio familiar, ele admite, exige mais que gestão: “É preciso lidar com opiniões e personalidades diferentes, aproveitar os pontos fortes de cada um e deixar divergências no passado para o barco seguir na mesma direção.” Para o futuro, ele mira não só a expansão, mas também a conquista de consumidores mais jovens, garantindo que a história da Primorosa continue a ser contada por novas gerações.
Com orgulho, Humberto deixa uma mensagem aos clientes: “Somos uma empresa pequena, mas com duas marcas grandes e uma história gigante. Experimente nossa manteiga e compare. Setenta anos de jornada e um produto único não acontecem por acaso. O sabor e a aprovação dos consumidores falam por si.”

Entre tradição e modernidade, a Manteiga Primorosa segue firme, mostrando que alguns sabores não envelhecem — apenas se tornam mais valiosos com o tempo.
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