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Verdadeiro sucesso, livro de Caribé tem vendas esgotadas

O Barbecue Brasileiro – Do Moquém ao Pit Smoker” traz à tona hábitos alimentares de povos originários do Caribe e do Brasil

Crédito da foto: Arquivo pessoal.

Pesquisador de cultura alimentar e escritor apaixonado pela cozinha ancestral ameríndia, o paraense Edvaldo Caribé lançou sua primeira obra, "O Barbecue Brasileiro – Do Moquém ao Pit Smoker”, em julho do ano passado, e foi um sucesso em vendas. Poucos dias após o lançamento, a obra, que foi uma das seis indicadas ao Livro de Gastronomia do Ano, no Concurso de Melhores do Ano de 2022, da consagrada revista Prazeres da Mesa, esgotou e o autor se prepara para disponibilizar novas tiragens em 2023, assim como o segundo livro, com previsão para o primeiro semestre.


Além de assador, Juiz de Competição de American Barbecue, certificado pela Associação Americana de Barbecue - KCCBS, membro da Pitmasters Brasil, que participa de competições internacionais de American Barbecue, Caribé é um estudioso do tema e tem dedicado os últimos cinco anos a fomentar o uso e resgate de técnicas de defumação dos povos originários, como temperos e insumos regionais brasileiros, com valorização da cultura alimentar do país.


“A paixão pelo churrasco começou mais tarde, em 2016, com a sacada gourmet do meu apartamento. Daí pra frente, minha paixão pela cozinha abraçou o churrasco. Em 2017, me dediquei a aprender e depois aprimorar, fazendo cursos de churrasco e gastronomia, e me voluntariando para festivais de churrasco pelo Brasil”, explicou o autor, que teve o despertar do gosto por cozinhar em 2005, quando morou sozinho em Salvador para estudar para concursos públicos, e atualmente participa de festivais de churrasco e feiras gastronômicas pelo Brasil, levando um pouco da cultura alimentar amazônica.

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“Inicialmente, por necessidade, comecei a cozinhar minha própria comida, e me aventurar nos preparos da cozinha baiana, o que acabou se tornando um enorme prazer e hábito”, afirmou. Caribe tem a cozinha como parte de sua infância e guarda, segundo ele, memórias afetivas da comida de sua família.

Costelinha de tambaqui defumadas (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

Com referências em Bruno Salomão, do Cansei de Ser Chef, em 2017 Caribé foi voluntário no Festival Churrascada, em Ribeirão Preto (SP), e lá teve o primeiro contato com o American Barbecue e com os Pits Smoker da Kings Barbecue. Daí para frente, ele não parou mais e foi voluntário em outras edições da Churrascada e outros festivais pelo Brasil. “Até que comecei a ser convidado como chef de estação, no meu estado, e posteriormente em eventos nacionais, como o Fogo BBQ, em Salvador (BA), o Beef Tour (SP), dentre outros”, destacou.


Em 2017, junto com mais dois amigos, Caribé criou a confraria de churrasco Jambu BBQ, reunindo alguns amigos para confraternizar e trocar experiências. “Com o Jambu BBQ, começamos a difundir e fomentar o American Barbecue no Pará e no Norte. Passamos a organizar pequenos eventos e cursos de American Barbecue, trazendo instrutores de outros estados”, enfatizou.


Segundo Caribe, a gastronomia paraense e amazônica é uma das que mais se aproxima daquilo que poderíamos chamar de cozinha de raiz brasileira. “Com grande influência da cultura alimentar de nossos povos originários, e rica em cores, sabores, texturas e temperos específicos de nosso bioma”, disse, enfatizando que é necessário conhecermos melhor a ancestralidade de nossos pratos, da influência indígena, e de sua cultura alimentar, compreendendo a influência da mestiçagem com a cozinha do colonizador e de outras cozinhas. “Conhecer toda a diversidade de produtos, temperos e preparos, respeitando e valorizando a cultura alimentar dos povos da floresta, sejam originários ou caboclos ribeirinhos, para, a partir daí, construirmos uma cozinha mais autêntica, coerente com nossa história alimentar. Resumindo, precisamos nos orgulhar de nossa origem indígena e nos livrar de todas as amarras que o preconceito à cultura alimentar indígena nos impõe”, disse.



Sobre a obra


O Barbecue Brasileiro – Do Moquém ao Pit Smokeraborda a história do Barbecue nos EUA e no Brasil, assim como seus conceitos técnicos, processos, reações químicas, equipamentos, dicas e receitas, adequando-as ao paladar brasileiro, e nossos hábitos alimentares, produtos e insumos, sobretudo amazônicos.


O livro aborda as raízes do American Barbecue e suas tradições ancestrais, evidenciando que, embora símbolo da cultura norte-americana, possui profundas raízes indígenas milenares de povos originários da Amazônia e do Caribe. É a primeira obra escrita no Brasil, e um dos primeiros em língua portuguesa, abordando a técnica do barbecue, e adequando ao paladar brasileiro, indo além, abordando sua origem histórica, refazendo uma trilha ancestral até os dias atuais.


“A proposta do livro foi, primordialmente, suprir uma lacuna no mercado editorial brasileiro relacionada ao tema, eis que precisávamos recorrer à literatura estrangeira, sobretudo a livros, revistas e textos na língua inglesa, sem tradução para língua portuguesa”, explicou o autor, ressaltando que a intenção foi incentivar que mais pessoas se interessem na produção e disseminação de conhecimento sobre temas relacionados ao Barbecue, tornando disponíveis e mais acessíveis ao público em geral, atendendo às necessidades de diversos profissionais de cozinha.


Além disso, segundo Caribé, a proposta da obra foi, além de tornar acessível os conhecimentos em linguagem simples, resgatar e divulgar a grande influência da cultura alimentar dos povos originários – indígenas, para a culinária brasileira e para o próprio barbecue, demonstrando que a técnica de controle da fumaça para defumação de alimentos, com a finalidade de conferir sabor, conservação e, por vezes, maciez às carnes duras, que chamamos de barbecue, historicamente é originária dos povos indígenas que ocupavam o território brasileiro, cuja cultura apesar de cada vez mais esquecida, desprezada e subvalorizada, ainda resiste firme em alguns rincões do País.


“E a partir de tal constatação, incentivar que profissionais e entusiastas do American Barbecue no Brasil, ‘voltem os olhos’ ao nosso país, à nossa história, cultura, tradições, e hábitos alimentares de nossos povos, servindo de estímulo para utilização e adaptação das técnicas ancestrais e rudimentares de defumação de alimentos de nossos povos indígenas, e das técnicas de preparos de alimentos de tantos outros povos que para cá migraram”, explicou.


“Por meio do livro, procurei evidenciar, valorizar e ‘resgatar’ as técnicas empíricas de defumação e hábitos alimentares de nossos povos, valorizando ainda nossos ingredientes e produtos, mostrando que são inúmeras as possibilidades de adaptação do American Barbecue, e suas técnicas evoluídas de defumação de alimentos, a nossa rica cultura alimentar, quiçá em uma cozinha de fusão, de modo que o produto gerado dessa fusão se torne mais adequado e atrativo ao paladar brasileiro”, concluiu.


Para conhecer mais sobre Caribé, siga @caribeedvaldo).


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