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E vem chegando o Círio… e vem exalando a maniçoba

Com a estabilidade da Covid 19, a normalidade, aos poucos, está voltando de forma possível e o Círio de Nazaré, que ocorre sempre no segundo domingo do mês de outubro, em Belém do Pará, que teve um hiato de dois anos, pede passagem para acontecer. Todos os paraenses católicos aguardam a Rainha da Amazônia, a nossa “Nazinha” passar e abençoar a todos.


E por falar em Círio, é impossível não pensar no almoço tradicional em família. Já sinto o cheiro da maniçoba no meu prédio, nas casas próximas, nas barracas de tacacá, nas ruas dos bairros de Belém. Mas você sabe de fato, o que é a maniçoba? A maniçoba é descrita como uma iguaria indígena do norte do Brasil preparada com folhas da mandioca brava (Manihot esculenta), temperada com louro, alho, cebola, entre outros, e adicionado carnes salgadas, principalmente as carnes suínas.


Na verdade, a maniçoba é o que chamamos na gastronomia de fusion food, ou seja, cozinha de fusão, logo, não podemos afirmar que a maniçoba é uma comida puramente indígena, como comumente este prato é descrito na internet, por exemplo.


É de conhecimento de todos que a mandioca é nativa da Amazônia, e bem antes da chegada dos europeus na nossa região, no século XVI, os povos indígenas que habitavam na norte do Brasil já haviam domesticado a mandioca, planta que leva este nome por conta de uma explicação indígena “mítica” para o surgimento da raiz, que é extremamente branca por dentro – A lenda de Mani – a mandioca e seus subprodutos já eram utilizadas em diversos preparos: o tucupi, a maniva, a mandioca etc. Esses povos indígenas já tinham o conhecimento que a planta era venenosa (cianeto), e que para neutralizar esse caráter tóxico da mandioca, precisariam passá-la por uma longa cocção. Esta é a contribuição da matriz indígena para a elaboração da maniçoba.


Os europeus, por sua vez, tinham a necessidade e o conhecimento da salga (bacon, linguiças, paio, orelha de porco etc.), porém os povos indígenas não tinham a necessidade de recorrer a este método de conservação, um dos mais antigos do mundo, pois viviam da caça, pesca e coleta de frutas, ervas, raízes e plantas em geral, consumindo carne fresca. E de fato, essa é a contribuição europeia no preparo da maniçoba.


Sempre me perguntam: “- O que é maniçoba, tem gosto de que?”. Eu sempre respondo: “ – É maniçoba, tem gosto de maniçoba, é como se fosse uma feijoada, mas ao invés do feijão, é feita com a maniva, a folha da mandioca”.


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